Portões do Coração
E, entrando ele em
Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, e perguntavam: Quem é este? E muitos
estendiam as suas vestes no caminho, e outros, ramos que haviam cortado dos
campos. Tanto os que iam adiante dele como os que vinham, depois clamavam:
Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!
O povo estava em terrível aflição. Os velhos e as
crianças eram deixados para morrer, os jovens levados como escravos. Não havia
paz nem sossego. Esperava uma antiga promessa de que viria um libertador, um
rei, um homem que mudaria a história de sofrimento do seu povo. Mas que
promessa demorada. Muitos já havia esquecido dela. Por centenas de anos
aguardavam, mas o dia tão esperado chegou. O libertador estava entre eles. Um
pequeno burburinho começa a ser ouvido nos corredores escuros do submundo
daquela cidade. Eram tantos que almejavam a liberdade política, social e
econômica.
Aquele pequeno solfejo começa a tomar volume.
Aqueles que antes se sentiam fracos, diante dos seus opressores, começam a se
sentirem fortalecidos, os que temiam são encorajados, os que se escondiam
começam a sair das tocas, das cavernas, pois o sol da esperança começava
brilhar. Saem todos à rua a espera do grande líder, do temível senhor que
esmagaria a cabeça de seus opressores.
Os grandes portões da cidade se abrem. Vinha ele
ainda longe quando roupas eram estendidas, ramos apanhados e com eles tapetado
o chão árido e seco. Não tinham eles ouro e nem prata para lhe dar de presente.
Não tinham purpuras para lhe oferecerem de tapete, mas tudo o que tinham lhe
eram ofertado: suas vidas, o louvor, a honra. Gritando com todo o pulmão, num
alarido de muitas vozes clamavam: “Hosana, bendito aquele que vem em nome do
Senhor”.
Ao entrar pelos portões, ele causa espanto nos
reis, temor nos príncipes. Os opressores começam a se preocuparem, os soldados outrora
imponentes agora se curvam amedrontados. Vinha ele com grande exército?
Comandava ele grande cavalaria e inúmeros guerreiros? Não. Vinha montado sobre
um jumentinho e suas armas eram a paz, o amor e a compaixão. Contra essas armas
não podiam guerrear, pois não as conheciam, contra elas não existe lei, não
existe guerra, não existe vitória.
Este é o mesmo rei que espera encontrar os portões
do nosso coração para entrar, mudar nossa história e nos amar. Não precisamos
mais esperar, pois nossa esperança é chegada, nosso Redentor, Libertador,
Jesus, vive e sob seus pés quer colocar todos os nossos temores. Bendito é
aquele que vem em nome do Senhor!
Miquéias Castro
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