24 de mar. de 2012

Fragilidade




Faze-me conhecer, ó Senhor, o meu fim, e qual a medida dos meus dias, para que eu saiba quão frágil sou”. Salmo 39.4
Aquela foi uma madrugada difícil. Não sabia o que podia ser feito. Faltava calma, experiência e sabedoria. Não que já tenha alcançado mas, naquele dilúculo tudo era muito diferente, tudo novo, parecia ser muito complicado, uma responsabilidade descomedida, descomunal.

Tudo aconteceu na manhã anterior. Uma longa espera tinha chegado ao fim. Digo longa, uma vez que a maioria dos meros mortais espera por nove meses, mas ele precisou esperar longos dezessete anos, mas naquela manhã, depois de ouvir um cicio, um sussurro, ele percebeu que era verdade, que aquele choro baixinho sinalizava uma vida que acabara de nascer, um projeto de homem a ser planejado, um caráter a ser moldado, uma vida, sim uma vida que lhe é colocada nos braços e lhe disseram: É um lindo menino, seu filho!

Mas naquela primeira madrugada, antes de encanecer o dia, ele ainda não havia pregado o olho olhando para aquele menino tão lindo, tão perfeito, tão pequenino, tão frágil. Sua fragilidade se estendia a tal ponto de não saber falar, pedir, se auto sustentar, cuidar das necessidades mais básicas. Não podia decidir por si mesmo e ainda que pudesse não tinha sabedoria para tal. Como era frágil.

Olhando para aquele berço, começo a pensar nos benefícios daquele que é frágil, dependente, necessitado de ajuda. Somente os frágeis são socorridos, amparados e tem o prazer de ser cuidado. Nada melhor do que ter quem cuide de nós, sare nossas feridas, afague nosso choro. Só que crescemos e perdemos isso que é um dom dos pequeninos, o dom de se deixar ser cuidado.

O grande poeta e rei Davi, no Salmo 39.4, faz um pedido a Deus: Faze-me conhecer, ó Senhor, o meu fim, e qual a medida dos meus dias, para que eu saiba quão frágil sou”. A suplica do rei era para que Deus nunca permitisse que ele viesse a se esquecer o quanto ele era frágil e necessitado dos cuidados de seu Pai. O apostolo Pedro em sua primeira carta escreve: “lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pe 4.7).

Foi naquela alvorada que ele entendeu o quanto precisava de Deus uma vez que aos olhos do Pai ele, apesar da idade, ainda é e sempre será um bebê frágil e totalmente dependente.

Miquéias Castro

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