30 de mar. de 2012

Amor imerecido


“Ver os cravos nas mãos, seu corpo a sofrer naqueles momentos de dor. Ver o mestre a chorar e foi por você que ele mostrou tanto amor. Ele tanto me amou.
Ele tudo por mim suportou, carregou minha cruz”.
(Fragmento da música Getsêmani)

Foi breve sua vida, mas intensamente marcante. Multidões paravam para ouvir quando falava. Falava de um jeito tão persuasivo... Tão convincente eram suas histórias, que todos eram impactados por sua tremenda sabedoria. Foi afamado, foi querido... Não sabia o que era estar sozinho, uma vez que todos se acotovelavam para estarem cada vez mais perto dele.

Mas naquela sexta-feira tudo estava diferente. Aqueles que falavam em alta voz: “Te amamos!”, agora bradavam em grandes gritos: “Crucifica-o!” Dos seus olhos lágrimas começam a rolar tal rio desaguando no mar. As mãos, que antes receberam dele uma bênção, um milagre, são as mesmas que agora o levam preso, que esbofeteia seu rosto. Soldados foram chamados para conter aquele que só falava em paz.

Foi levado para um lugar intimidador chamado Prensa de Oliva (grego Getsêmani) e ali ele foi moído, pisado, maltratado pelos nossos pecados.

Aquele que tanto amou, tanto se doou, sente agora os cravos atravessando suas mãos. Naquele momento de terrível dor, de súbito, um sentimento invade seu coração. Mas esse sentimento não era de ódio, nem tão pouco de ira. Era uma mistura de abandono, de rejeição, concomitantemente ao sentimento de amor e compaixão.

Sua cabeça recebe uma coroa, não de ouro, e muito menos de jóias, mas era de espinhos, os quais rasgaram cruelmente suas frontes. Não bastasse tamanho sofrimento, foi erguido numa cruz e uma fria lâmina de lança lhe penetra o lado direito do corpo. Por que fazer-lhe sofrer tanto aquele que tanto amou, tanto se doou? Do alto do madeiro, num olhar profundo penetra os corações e num sofrido brado clama a Deus para que não os culpasse de tamanho ultraje. Como entender tamanho amor...
Já era tarde aquele dia, próximo às 15h, suspira o ultimo fôlego de vida. Aquele que não tinha pecado, nele não se achava erro carrega sobre si a nossa cruz, a nossa penalidade.  Diz o profeta Isaías que o castigo que estava sobre ele é o que nos traz hoje a paz e, pelo fato dele ter sido ferido, hoje somos curados. Foi condenado a morte por nos amar na medida em que não podemos entender e, muito menos, merecer.

Miquéias Castro

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