2 de nov. de 2013

FOTOS ANTIGAS



Uma grande saudade bateu em seu coração. Na realidade, a dor da saudade não veio sozinha, mas trouxe junto uma mistura de sentimentos que não pôde aguentar. 

Se levantou, foi até o corredor estreito que dava acesso a todos os quartos do casarão que morava, levantou os olhos e num pequeno salto puxou uma cordinha que acionava a escada para o sótão. Há muito tempo ele não subia até lá. 

Não lembrava o que tinha guardado lá, a não ser uma caixa que continha fotos antigas da família. Debaixo de muita poeira encontrou uma caixa que estava guardada há, pelo menos, vinte e cinco anos. Espanou a poeira branca e a arrastou até a escada, baixando no corredor. Com bastante força a carregou nos braços até a sala onde havia uma meia luz da lareira que iluminava e aquecia aquela noite fria. 

Começou a ver todas as fotos, uma a uma, demoradamente até que encontrou uma que o fez parar um longo tempo. Era a foto de crianças brincando na calçada. Lembrou-se perfeitamente, como se tivesse sido na manhã daquela noite quando ele, empunhado de sua câmera, tirou aquela foto. 

A foto já era antiga, o desbotar das cores não ajudava muito, mas a alegria era radiante no rosto daquelas crianças. Discretamente enxuga uma lágrima que rola sobre sua face. Levantou os olhos e olhou para o interior daquele grande casarão quieto. Cada cômodo, cada corredor, tudo em silêncio... 

Aquelas crianças cresceram, agora elas têm muitas obrigações. Cada qual com sua família, com seus amigos, com seu trabalho, com seus problemas e com suas preocupações. Ficou somente ele com saudades dos bons e velhos tempos, os quais todos se alegravam e conviviam juntos. 

Agora, todos grandes, não se lembram mais do pai que espera ansioso a volta dos filhos, assim como dos netos, ali sozinho sentado ao chão a segurar apenas fotos... fotos antigas.  


Miquéias de Castro



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