23 de nov. de 2013

VELHO BANCO


“Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e antes que se aproximem os anos em que você dirá: Não tenho neles prazer”. Eclesiastes 12.1

Os dias se passaram rapidamente... voaram-se os anos... e o que era para ser futuro se tornou inesperadamente presente, acabando-se em mero passado!
Estava em pé em meio à praça. Olhou à sua frente e avistou um amigo, amigo confidente, amigo fiel, um velho amigo: o velho banco. Tanta gente passou por ali, tantos assentaram naquele velho banco que perdera seu tom esverdeado vivo, dando lugar a um acinzentado sombrio e frio. Marcas de um tempo que passou.
Chegou vagarosamente, assentou naquele banco, sobre o qual não só se contaram como também viveram histórias, muitas delas tristes, outras tantas felizes, muitas engraçadas e outras desgraçadas...

Assentado poia seus cotovelos fracos sobre os joelhos a sustentar a grisalha cabeça. Foi criança e com muita dificuldade assentou sobre aquele banco com as mãos entre as pernas, como se escondesse algo, balançava para frente r para trás seus pés, foi jovem e inúmeras vezes foi sobre ele que contou estrelas e apreciou o brilho da lua noites a fio junto a seus amores juvenis, mas agora estava lá sobre o mesmo e velho banco, cansado, velho e até certo ponto, quem sabe, combalido e afadigado de viver.

O tempo passou e junto dele passaram também o vigor, a saúde, a energia, a robustez, os sonhos, a vitalidade, o entusiasmo, a força...
Baixou uma das mãos, deslizou suavemente sobre a madeira daquele velho amigo e como se conversasse com ele, parecia ouvi-lo dizer e contar segredos secretos e confidenciais, coisas ocultas e reservadas que ninguém sabia senão somente ele e Deus. Levantou suave e lentamente os olhos a ver outras tantas crianças e jovens que como ele não percebiam o tempo passar e que um dia estariam assentados naquele banco também chorariam.
Certa tarde, ele não veio até a praça, ele não assentou no banco, ele se quer apareceu... As portas eternas se abriram para ele, e não mais existiu, ficando só o banco, o velho banco a espera de outro que ele viu crescer e que veria também morrer, aqueles que não descobriram o mistério da vida e não souberam viver.

Miquéias de Castro


0 comentários: