11 de ago. de 2013

VAI VALER A PENA!


Era uma manhã de inverno, estava muito frio lá fora. Intimidador e pouco acolhedor estava aquele dia, mas lá foi ele vaguear em busca da matéria prima para sua obra. Era habilidoso artista, um grande escultor.
Procurando entre galhos e troncos esperava encontrar aquilo que se transformaria em sua obra mais perfeita, a mais admirável.

De repente, olha e vê um pedaço de madeira jogado a beira da estrada. Aos olhos de qualquer um  não passava de um objeto sem valor e que provavelmente muitos já haviam passado por ali e desprezado, mas a seus olhos uma obra de arte.

Pegou aquele tronco, amarrou uma corda em volta dele e com muita dificuldade começou a puxar. Estava longe da sua casa, a quilômetros do seu porão, mas isso não o desanimou. Dentro de seu coração só pairava uma certeza: “Vai valer a pena!”

Cansado e exausto, faltando poucos passos, reúne toda sua força para conseguir. Coloca para dentro de seu ateliê e sem demora, sem parar para descansar se entrega à sua obra. Dias e noites incansáveis raspou, bateu, lascou e começou a dar forma. Não ia ser fácil.

Para ser sua melhor obra ele saiu em busca de algo que pudesse durar por muito tempo, algo que pudesse ser admirado por muitos e para isso precisava ser uma madeira dura, resistente, que dependeria sim de grande esforço, de muita dedicação de muito empenho. Sabia que o preço que pagaria para terminar aquela obra seria alto demais, mas estava disposto.

Seu melhor tempo era dedicado para aquela obra, suas ferramentas mais novas e precisas ele não teve dó de usar, seu carinho e amor foram empregados sem restrição aquele trabalho. Levaria o tempo que fosse preciso, consumiria o máximo de suas forças e vigor, mas nada disso o desanimaria. Pelo fato da madeira ser muito dura, formões e não poucos quebraram, outras tantas goivas perderam seus cortes, limas e grosas perderam suas utilidades tamanha era a resistência daquela madeira. Seus braços cansados de tanto martelar levantando e descendo o maço lentamente começou a ver à sua frente aquilo que somente seu coração enxergava.

Sua dedicação foi tão intensa que não percebeu que o tempo passou, que estações transeuntes desfilavam ininterruptamente uma após outra sem tirá-lo do foco. Quando percebeu, estava velho, exausto. Empregara ali tudo que tinha de melhor: o tempo, a vida, o amor, os sonhos... Conseguiu, valeu a pena! Sua obra era perfeita, seus esforços foram recompensados. Aquele artista era um pai e sua obra seu filho que fora admirado homem, obra de um grande artista.


Miquéias de Castro

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