COLHEITA
“De
longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso,
com benignidade te atraí”. Jeremias 31.3
O sol não havia dado o ar gracioso
da sua presença ainda. Não era chegado o tempo de a lua abandonar a sena ausentando-se.
Mas, lá de longe já se podia vê-lo chegando.
Estava orgulhoso, sentia-se bem
naquele passeio pré-matinal. Caminhava ele todo contente, pois havia semeado
boas sementes e seu jardim estava repleto das mais belas e raras flores que qualquer
um pudesse imaginar. Digo “imaginar” me referindo à tamanha preciosidade e valência
em ornamento e perfume. Nem mesmo os jardins suspensos da Babilônia se
comparavam a ele.
Orgulhoso, deslizava suas mãos
sobre elas enquanto andava de forma gentil a acaricia-las. Procurava ele uma
que pudesse colher, buscava uma que maestrinamente emanasse um delicioso
perfume a fim de ataviar, adornar com grandioso ornato sua presença.
Todas elas, as flores mais belas,
as mais perfumadas se viravam em sua direção, tal girassóis fazem com o grande
astro. Tal imã, suas mãos atraía suas belas e amadas flores querendo ser
escolhidas.
De longe ele a viu, de longe a
escolheu e com um amor eterno a amou... Aproximou-se devagar, aspirou de forma
suave e lentamente profunda seu perfume, sorveu delicioso perfume.
Num ar gracioso, ajoelha no chão,
estende suavemente suas mãos e arrebata da terra suas raízes. De longe se podia
vê-lo distanciar, estava feliz! Expressava um ar de contentamento e deleite,
satisfação brilhava de seus olhos, desfastio e entusiasmo se percebiam em seu
sorriso.
Aquela flor alcançou seu ápice, seu
maior prazer: a possibilidade de ser atraída pela benignidade do Supremo Jardineiro
Jesus.
Miquéias Castro
0 comentários: