21 de jul. de 2012

Obra de Arte




De longe parece tudo lindo, limpo, tudo encanta;
Fixam os olhos tão puro, cristalino, tudo lavado;
Mas, bem de perto tudo ignóbil, imundo, manchado;
Nada além de malcheiroso, decomposto, putrefato.

Distanciado se mostram esculturas feitas pouco a pouco;
Grandes telas, pintadas cor a cor como de aquarelas;
Ao abeirar-se não existe arte, habilidade, dons organizados; 
Tudo amontoado, bagunçado tais sepulcros caiados.

Nossos atos se sujando, nossas vidas acabando;
Nossos sonhos sucumbindo, e a esperança esvaindo;
Muito lixo ajuntado pouco a pouco;
Nossa recompensa, nossa prenda, todos loucos.

Lá de longe caminhando, passo a passo aproximando;
A esperança chega junto, pois a paz vem forjando;
Escultor e pintor, verdadeiro artista talentoso;
Na escória enverga joia, no monturo o precioso.

Lixo a lixo é tirado, para bem longe é levado;
Mãos à obra colocando, todas as coisas ajeitando;
Coração livre do cativeiro tal pássaro do viveiro;
Em outro sou mudado, nunca mais lameado.

Essa nova obra de arte não se faz de lixos empilhados;
Nossos corpos redimidos, nossos sonhos resgatados;
Pode se ver de longe ou aproximado, de todo jeito apreciado;
Não mais malcheiroso ou acatingado, mas limpo e perfumado.



Miquéias Castro


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