Além do Limite
E perguntou
Jesus ao pai dele: Há quanto tempo sucede-lhe isto? Respondeu ele: Desde a
infância; e muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas
se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. Ao que lhe disse
Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê. Imediatamente o pai do menino,
clamando, [com lágrimas] disse: Creio! Ajuda a minha incredulidade. Marcos
9.21-24
Pisava firme... Suas pegadas fortes e profundas! Não,
não era um gigante ou algo parecido, era uma pessoa fisicamente como as outras,
mas seu diferencial era ser considerado ´como quem anda com os “pés no chão”. Era uma característica de
que tanto se orgulhara por muito tempo.
Já desde sua adolescência decidiu que sonhar era
para os fracos, ele projetava seu futuro. Ele não almejava, ele executava. Num primeiro
momento, isso lhe pareceu pertinente demais para deixar de ser assim. O não
sonhar, o não esperar, o não crer, ao longo dos anos, foi aniquilando sua fé resumindo-a
a crer apenas nos que os olhos podiam ver, no que suas mãos podiam alcançar,
onde seus pés podiam leva-lo.
Já não era mais tão jovem, o tempo também passou
para ele, mas se orgulhava, mesmo que seus cabelos já estivessem brancos e suas
forças não fossem as mesmas, podia olhar para trás e ver que havia construído
um patrimônio, tinha uma bela esposa e um lindo filho. Mas a vida lhe pregou
uma peça!
Todas as noites, gostava de se sentar na varanda de
sua casa para contemplar e refletir sobre sua vida. Remoía seu passado e se
alegrava com os frutos do presente. Só que naquela noite aquela corriqueira
retrospectiva foi interrompida com o toque do celular. Levantou, pegou o
celular que insistia em tocar, levou ao ouvido e antes que dissesse “Alô!” suas
pernas estremeceram ao ouvir do outro lado da linha uma voz que chorava muito. Não
queria crer, mas era sua esposa. Entre muitas lágrimas ela diz que ela e seu
filho havia se envolvido num acidente e ele estava muito machucado. Ele pega
seu carro e, desesperadamente, em meio às lágrimas vai em direção do hospital.
Ao entrar pelos corredores compridos do pronto
socorro encontra sua esposa conversando com o médico. Quando o percebe
entrando, se vira e corre para seus braços atormentada pelas palavras do
médico. Ao perguntar o que estava acontecendo, e o que o médico disse sobre seu
filho, ela fala que, para o rapaz, não havia muito o que fazer.
Aquele homem enraivecido e furioso entra atrás do
médico, o puxa pelo braço e em prantos oferece todos os seus bens, todo o seu
dinheiro, tudo o que tinha para que salvasse seu filho. Aquele médico olha bem
no fundo dos olhos daquele pai e diz: Não posso fazer nada pelo seu filho. Se
alguém pode esse é Deus.
Aquele homem larga lentamente o braço do médico a
esperar o pior, a aguardar a morte de seu filho, pois, por toda sua vida, nunca
aprendeu a crer em Deus, nunca acreditou no invisível, no sobrenatural, nunca
soube o que era ir além dos limites humanos nas asas da fé. Nunca soube que as
coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus.
Miquéias Castro
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