Luto que espero
“Pois
sabemos que a nossa velha natureza pecadora já foi morta com Cristo na cruz a
fim de que o nosso eu pecador fosse morto, e assim não sejamos mais escravos do
pecado.” (Rm 6:6)
Queria
eu estar de luto; luto ontem, luto hoje e luto amanhã. Luto que nos espanta,
nos atormenta. Luto que nos faz doer a alma, que estremece o espírito. Luto que
nos leva ao choro pela certeza de nunca mais voltar à vida. Queria eu estar de
luto.
Luto
pelo luto e minha luta o afugenta. Luto é a presença da morte, do cadáver frio
em quem não há mais vida. Luto pelo desaparecimento, pela perda, pela
distância. Mas, porque continuo lutando se, em cada tentativa de luto, mais
vivo, mais presente, mais perto.
Muitos
lutos poderiam trazer tristeza, mas meu luto, pelo que luto, faria minha noite
amanhecer, tornaria meu pesadelo em sonhos, abriria um sorriso onde, por muito,
só se vê tristeza.
Talvez,
meu luto nunca exista pelo fato de meu inimigo ser forte demais, ágio, valente,
inteligente. Luto pelo luto da morte de quem me conhece muito bem. Luto para
viver a alegria do luto do meu Eu.
Mas
a realidade é esta que “O que faço não o aprovo; pois o que quero isso não
faço, mas o que aborreço isso faço. De maneira que, agora, já não sou eu que
faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na
minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não
consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não
quero esse faço. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta
morte?” Romanos 7:15-25
Enquanto
espero penosamente viver o luto e gozar a morte do meu Eu, prossigo confiante
que Deus há de completar a obra que um dia Ele começou em mim. Posso não ter
estado de luto ontem, posso até não estar de luto hoje, mas luto e creio que
amanhã estarei de Luto.
Miquéias Castro
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