21 de jun. de 2012

Louvarei na tempestade





“Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação”. Habacuque 3.17-18

Por muitas vezes ele havia lido o livro de Habacuque e se detinha o olhar nos versículos 17 e 18. Achava maravilhosa a possibilidade de poder viver a fé descrita pelo profeta. Por muitas vezes julgou ter alcançado esta dádiva; penso ter vivido a aparente escassez das coisas e ter o coração inabalável na sua fé em Deus, na certeza de que do Senhor viria o socorro... Até aquele dia!

Era uma manhã como todas as outras. Entra pelas portas de sua sala de escritório para o início do dia de trabalho, quando entra alguém atrás dele, seu coração começa a bater um pouco mais forte preanunciando algo de ruim com aquelas pegadas. Vira-se e encara um grande inimigo, não físico, mas emocional: uma ordem de demissão. Havia dedicado 15 anos de sua vida naquela empresa. Parte do sucesso dela foi resultado de muitas noites a fio esquecendo-se da família, amigos, e dele mesmo. Estende a mão toma a ordem de demissão, ajunta suas coisas e sai.

Pega seu carro, ainda meio sem rumo, começa a dirigir para casa. Sua mente começa a procurar, de uma forma acelerada, como contar para a esposa, uma vez que o carro não estava ainda quitado, casa estava penhorada e os dois filhos na escola particular. Seu coração bombardeava cada vez mais forte o sangue pelos vasos sanguíneos, seus olhos começam a marejar e as primeiras lágrimas rolam tal seiva de uma seringueira.

Chegando em casa, não tinha coragem de entrar. Fica um tempo no carro, pois não conseguia encarar a família. Foi nessa hora que sua alma não aguentou mais. Seus compromissos, obrigações e dívidas, com a família, com a sociedade e com os credores não podiam ser mais arguidos, nem custeadas. Neste momento, ainda dentro do carro, ele começa a falar com Deus, e diante do seu desespero, seu diálogo se transforma em acusação de que Deus havia feito aquilo, ou pelo menos não havia se importado com tal sofrimento. De repente uma voz não audível, não em seus ouvidos, mas uma voz do seu espírito brada do silêncio do seu coração e lhe disse:“Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação”.

Como os primeiros raios de sol penetrando as nuvens negras da tempestade, a fé invadiu seu coração. Fé essa, que lhe garantia a certeza do zelo e do cuidado de Deus. Sai do carro, bate a porta, entra em casa com o coração aliviado, pois sabia que Deus cuidaria de tudo. Só não sabia como, mas que Deus cuidaria e isso ele tinha certeza.



Miquéias Castro

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