Apreciação
“Narram os céus a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos. O dia ao outro transmite essa mensagem, e uma noite à outra a repete. Não é uma língua nem são palavras, cujo sentido não se perceba, porque por toda a terra se espalha o seu ruído, e até os confins do mundo a sua voz
Salmos 19.1-4”.
Olhava para o céu naquela noite clara. As estrelas eram luzentes pontilhando o tom negro daquele momento. Ainda que quisesse contá-las não poderia. Que cena, que paisagem. Todas em seu devido lugar, como se um habilidoso pintor as houvesse colocado. Mas nada se comparava com a beleza e com a majestade com que a lua reinava. Seu brilho e sua forma cheia e arredondada atraíam para ela todos os olhares, olhares dos mais apaixonados ,como dos tristes e solitários, de todos que não conseguiam negar a magia daquela noite.
Estava cansado pelos muitos compromissos, pelo dia cheio, pelos problemas e pela necessidade das soluções. Soluções que faziam a propriedade daquilo que é necessário, e não pode não ser, em todos os mundos possíveis.
Mas, quando o olhar fora atraído, como por força magnética, a alma se deixou ser persuadida pela calmaria de um tempo e não mais sabia se de horas ou de minutos, a única certeza era de haver perdido, em tal ocasião, num tempo que já não mais fazia sentido ser contado ou mensurado.
Ali parado, perplexo, começou um processo pelo qual a consciência apreende a um exame minucioso, tentando compreender todo aquele belíssimo quadro, como se um grande artista tivesse acabado há poucos instantes. Mas, quem poderia pintar algo tão lindo? Quem poderia moldar, com as própria mãos, algo tão perfeito? Leonardo da Vinci? Pablo Picasso? Cândido Portinari?
Cada um desses tem seus méritos, mas aquela obra de arte não poderia ser humana, pois era perfeita demais, não poderia ser terrena, teria que ter nascido das mãos de Deus.
Somente então pôde compreender a profundidade com que escreveu o poeta e salmista no Salmo 19, que a criação descreve a perfeição do seu criador, nosso Deus e Senhor e que se deixa ser chamado por nós de Pai.
Miquéias Castro
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