20 de dez. de 2010

Sozinho...

"Volta-te para mim e tem compaixão, porque estou sozinho e aflito." Salmo 25.16


Ele sentou-se sobre a namoradeira que ficava na varanda, na qual todos os dias era seu lugar preferido para passar horas a fio sozinho a conversar com seus pensamentos.


Mas naquela noite havia algo diferente... Algo que ele não conseguia exprimir... Seu coração bateu mais forte do que das outras vezes. Há anos ele freqüentava o mesmo lugar, a mesma varanda e a namoradeira há muito era sua companheira. Às vezes a lua lhe concedia o privilégio do brilho outras vezes não, mas por que naquela noite tudo lhe era diferente? Lágrimas começam a rolar pelo seu rosto começando por solitárias gotas, até que sem perceber, seus olhos vertiam lágrimas com a força de uma grande represa.


Numa queixa plangente e descontrolada, se encontrou perdido em seus trôpegos pensamentos. Seria isso uma imaginação abstrata, sua mais firme teoria ou uma simples opinião. Apenas uma certeza, a de estar só...


Consternado e pesaroso começa a ponderar sua existência. Cadê seus amigos, sua família aquilo que lhe era de grande valia? Num ato célere e um tanto assustado se vira para a porta de vidro que separava a varanda da sala e entorpecido vê seus filhos a brincar no tapete felpudo em frente à televisão e sua esposa assentada ao sofá. Seus olhos marejaram... Turbilhões de pensamentos bombardearam sua mente. Perguntas surgiam avultosas como num grande coral de milhares de vozes a ressoar. Seu coração pulsava como se quisesse sair pela boca. Sua alma se banhou no fel. Mas, por que tanta angústia?! Por que se perturbou com tamanha intensidade? Ele havia granjeado por todo uma vida grandes amigos, entesourado enorme fortuna, constituído uma família. Então o que lhe faltava ainda? O que lhe molestava o espírito privando-o da alegria?


O que lhe faltava era o favor adjutório de Deus. Sua carestia era ser socorrido por aquele que não socorre apenas o físico ou a matéria, fugas e efêmeras, mas também salvaguarda a alma e o espírito colocando nele um contentamento pleno, frenesi inigualável.


Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho”. Salmos 4:7. Neste texto o salmista Davi entende que seu contentamento, sua alacridade não estava nos amigos que granjeara, na família que construíra e nem tão pouoco nos bens, frutos do suor, mas sim em estar perto de Deus, em usufruir da sua companhia capaz de produzir nele uma insigne alegria, fazendo-o nunca mais sentir desacompanhado, sozinho... Entusiasmo inconcebível em qualquer outra pessoa, coisa ou lugar.


Miquéias Castro

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