LIXEIRA
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu
coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum
caminho mau, e guia-me o pelo caminho eterno.” Salmo 139.23,24
Nosso coração, fazendo uma alusão grega, é muitas
vezes nosso depósito, nosso dispenser e que nem sempre significa local de
guardar coisas boas e sim nossa lixeiras, nossos entulhos.
Uso a palavra lixeira no sentido virtual,
informatizado. Por que digo isso? Pelo fato de lixeira já não ter um só sentido
mais. Antes lixo era sinônimo de coisa estragada, podre, velha, rasgada, sem
valor,
despejo, detrito, entulho, impureza, porcaria, sujidade. Anteriormente
encarávamos o lixo como algo desprezivo, agora não mais. Acostumamos com a
ideia moderna de que as coisas que estão na lixeira não são coisas ruins,
malcheirosas, emporcalhadas (ainda que sejam), mas sim coisas que não queremos
jogar fora definitivamente, coisas que não tem tanto valor hoje, mas que poderá
tornar a ter depois, coisas que não pretendo abrir mão. Não é o que fazemos nos
computadores? Fotos antigas, documentos velhos, arquivos desnecessários não
temos coragem de “deletar” definitivamente, de jogar fora por completo pois nos
preocupamos em precisarmos novamente de tudo. Então inventamos uma lixeira que
acumula lixo que gostamos, que amontoa porcarias que não queremos deixar.
Seriamos
capazes de pedir a Deus para sondar e provar nossos corações, de ver se há em
nós algum caminho mau? Não só nos computadores, mas também em nosso interior
guardamos ódio, pensamentos impuros, infidelidade, injustiça, inveja, coisas
essas e muitas outras que precisavam ser jogadas fora definitivamente,
excluídas, exterminadas, mas continuamente são guardadas em nossa lixeiras
(corações) para serem utilizadas mais tarde.
Às
vezes chegamos a pedir que Deus nos guie por caminhos eternos, mas para Ele nos
guiar é se necessário uma faxina, uma limpeza geral, o abrir mão do lixo que
tem emporcalhado e manchado nossos corações.
Miquéias de Castro
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