COMO CRIANÇA
“Chamando uma criança, colocou-a no
meio deles, e disse: "Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se
convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.” Mateus
18:2-4
Chegando
em casa, o pai abre a porta da sala e se depara com seu filho pequenino
brincando no chão. Sentado junto aos seus brinquedos, suas maiores posses, percebendo
que o pai entrara, abandona tudo, abre um largo sorriso de poucos dentes,
estende os braços e faz insinuação para ser tomado no colo. Não por interesse,
não pelo sentimento de querer ser importante, não para mostrar ser o melhor
filho do mundo, mas simplesmente para estar nos braços do pai. Naquele momento,
o mais importante é ser afagado pelo carinho do pai, é estar junto, é demostrar
que sua presença é o que vale apena, e que é mais importante do que todos os
seus brinquedos.
Desde
que atingimos certa idade, não vemos a hora de crescermos, de atingirmos 18
anos, de nos tornarmos independentes, emancipados, de termos a chance de ter
tirar habilitação, votar, entre outras coisas que nos fazem sentir adultos,
crescidos, responsáveis. Junto ao crescimento vem o orgulho, a preocupação em
ser o melhor, o primeiro, o mais importante. Somos tomados pela necessidade de
estarmos em destaque, de se sobrepujar aos outros, de deter a liderança. Desapegamos-nos
do importante (de Deus, da família, dos amigos) para nos preocuparmos com o que
menos importa (com ser e ter).
Os
discípulos de Jesus tiveram a mesma atitude ao perguntar-lhes quem era maior, o
mais importante, o de mais destaque no céu... Jesus toma uma criança e coloca no meio deles
e responde a pergunta de uma forma inesperada, quem sabe incompreensiva: “Eu
lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças,
jamais entrarão no Reino dos céus.”
A
preocupação dos discípulos era a de estar em destaque, de ser recompensados por
seus esforços, retribuídos por tudo o que deixaram para trás ao seguir Jesus. Não
foi à toa que outra vez, Pedro tomando a palavra, depois de uma discussão entre
o Mestre e seus discípulos sobre recompensa, pergunta: “Eis que nós deixamos tudo, e te
seguimos; que receberemos?” Mateus 19:27
Precisamos
reaprender com as crianças sobre o amor desinteressado, a humilda de não ter a pretensão
de ser o melhor, o dar sem requerer algo em troca, o querer estar junto
simplesmente pelo que Deus é e não pelo que ele pode nos dar.
O
que Jesus disse, ao usar como exemplo aquela criança, é que para entrarmos no
céu, o que todo mundo almeja um dia, não é necessário ter a complexidade de um
adulto, mas sim a simplicidade de uma criança.
Miquéias de Castro
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