IGREJAS, onde Deus não é bem vindo!
Era
conhecido pelo tamanho do seu coração? Não, não falo órgão muscular, mas sim a
grandeza de seu amor pelos outros. Toda sua vida foi devotada às pessoas. Aos
doentes ele tratava as feridas, aos famintos dava de comer, aos desabrigados,
chamava para morarem em sua casa. Todos o admiravam pela tamanha amabilidade,
dedicação com que tratava a todos.
Sua
casa, depois de certo tempo, começou a ficar lotada de pessoas, não poucas, que
diariamente iam se achegando. Todos os dormitórios estavam repletos, assim como
as duas salas, a copa, os banheiros e a cozinha. Eram tantas pessoas atraídas
pela sua bondade que dificultava transitar pelos corredores.
Mas
algo estava diferente naquela casa. Aquele homem bom não era mais procurado por
ninguém para as longas conversas que gosta de ter assentados no sofá da sala ou
na mesa da cozinha. Belíssimas histórias eram comuns todas as noites à mesa do
jantar. A casa estava tão cheia de pessoas que se acotovelavam com medo de ficarem sem comer e sem beber.
Na hora do banho era aquela confusão, cada
qual querendo ficar mais tempo no chuveiro sem se preocupar com o outro. Na hora
de dormir eram tatos que o dono da casa foi deixado para dormir do lado de
fora. Aquele carinho que todos sentiam por ele já não existia mais, agora todos
estavam mais interessados somente no que o bom homem tia a oferecer e não mais
em sua companhia. Só lembravam-se dele quando a água quente do chuveiro
acabava, quando a geladeira estava vazia, quando pão não chegava na hora.
Aquele
homem entristecido saiu de casa abandonando aquela multidão ingrata e egoísta. Depois
de pouco tempo a casa ficou fria, sombria. Não tinha mais cumplicidade entre
todos, o amor havia se esfriado, era cada um por si. Passaram a serem pessoas
desconhecidas umas das outros, moravam debaixo do mesmo teto, mas não como uma
família. Aquela casa não era mais a mesma, pois faltava quem os unia, quem os
ensinava. Faltava o dono da casa, o bom hospitaleiro. Não adiantava estarem
juntos se não estavam unidos. O dono daquela casa, o bom homem, se sentindo
desprezado, foi para bem longe construir outra casa e alcançar outras pessoas
que não estivessem interessadas somente no que ele tinha a oferecer ou no que
ele podia fazer por elas, mas que amassem suas histórias, seus ensinamentos,
pessoas que dessem valor a sua presença.
Miquéias Castro
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