15 de set. de 2012

Fonte e cisternas




Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles, quando lhes há fartura de cereal e de vinho.   Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente. Sl  4.7;  16.11

Passados, não muitos dias de seu aniversário de trinta anos, ele entrou em uma grande crise existencial. Na sua cabeça e coração pairava uma incerteza de tudo. Nada mais fazia sentido para ele. Seu posto de diretor de uma grande multinacional não era mais motivo de alegria; nem mesmo o bem-estar financeiro que outrora lhe rendera grandes momentos “felizes”, agora não pôde mais lhe saciar a famigerada e insaciável sede da alma.

Tudo começou quando, chegado seu aniversário, diferente de todos os anos anteriores, ele não recebeu um abraço, um mensagem de celular, um e-mail. Até mesmo um cartão via correio lhe fez privado dos versos e palavras. Não sabia ele o que havia acontecido. Mal sabia ele que seus amigos haviam feito aquilo propositalmente. Pensaram eles que passando alguns dias, ele jamais desconfiaria de uma festa surpresa. E aconteceu como haviam premeditado. Depois de uma semana, ele já não esperava mais, quando chegando em casa, percebeu que algo estava acontecendo. Levou a mão ao interruptor e quando acendeu a luz foi surpreendido por gritos de parabéns, confetes, língua da sogra, e etc.

Que surpresa... não esperava, mas, aconteceu. A festa foi se estendendo ao longo das horas. Quando tudo acabou, já era quase dia, quando o último cambaleante saiu pela porta da frente. Quase que não aguentava trocar os passos de tão embriagado.  

O sol já estava começando a raiar, debruçado na janela de seu quarto, uma vontade de auto avaliação, um autoquestionamento se apoderou dele. A alegria que estava sentindo deu lugar a uma agonia ao ver que ele não era feliz. Viu que tinha tudo: carro, casa, um bom emprego, amigos, mas percebeu que sua felicidade estava limitada ao que ele possuía. Começou a pensar na possibilidade, como qualquer ser humano, de perder aquele emprego, perder sua posição social, perder os amigos, perder tudo... começou a entender que toda a sua felicidade estava condicionada às suas possessões. Ele em prantos se questionava o que seria dele se isso um dia acontecesse. Ele viu que sua alegria era finita e um dia ele alcançaria o fim dela.

Não gostamos de parar para pensar em qual é a origem da nossa alegria. Não gostamos porque já temos certa convicção de que nossa felicidade também está entrelaçada a uma pessoa, um objeto, à posição social e à tantas outras coisas nas quais temos colocado nosso coração. Só descobriremos a verdadeira felicidade quando acharmos a fonte inesgotável, a fonte capaz de nos dar o bom-humor, o contentamento, o entusiasmo, o gozo. Jesus mesmo disse no Evangelho de João que nossa alegria só será completa se a alegria que é ele abitar em nós. (João 15.11)

Não perca mais tempo com um falso sentimento de alegria que dura por poucas horas. Todas as cisternas secam, pois pessoas um dia irão para nuca mais voltar, o dinheiro acaba ou pode ser roubado. Cisternas secam, mas Jesus que é a fonte eterna jamais deixará de jorrar a alegria que tantas vezes sua alma já procurou.







Miquéias Castro

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