27 de abr. de 2013

SUSSURRO




“Ela, pois, com amargura de alma, orou ao SENHOR, e chorou abundantemente. E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o SENHOR, Eli observou a sua boca. Porquanto Ana no seu coração falava; só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz...” 1 Samuel 1:10,12,13

Quantas vezes nos sentimos asfixiados pelas tristezas, atormentados pelas lutas, sufocados por um turbilhão de aborrecimentos que insistem, num distúrbio enigmático, se sobreporem uns aos outros, cada qual sendo atraído pelo último, como se não fosse possível ter uma só folga entre um e outro, um pequeno descanso para repor as energias gastas a cada luta travada.

São tantas as coisas, inúmeras as circunstâncias e incontáveis pessoas que nos fazem chorar e poucas as que nos fazem rir. Muitas vezes parece que a vida foi-nos dada não como uma dádiva e sim como uma desgraça,  um infortúnio, calamidade,  um mal, uma praga. Quem não se sentiu um só dia ter sido um acidente, um descuido do acaso, um desastre. Quem nunca se perguntou: Teria Deus me feito para sofrer? Teria o Todo Poderoso me forjado em material de refugo? Ou quem sabe o questionamento que, muitas vezes, ecoou em nossos corações é o de ter o Criador se esquecido de sua criatura...
São nesses momentos que nos encontramos sem forças para clamar, sem voz para implorar, suplicar. Ainda poucas e solitárias lágrimas insistem em jorrar dos olhos. Não se ouve voz, alarido, balbúrdia alguma senão um quase imperceptível, diminuto sussurro, fruto de um coração ferido e marcado pelo sofrimento. Esse cicio ruído, desprezado até por aqueles que estão mais perto, alça voo alcançando os ouvidos de Deus, como diz C.H. Spurgeon: “Sussurros que não podem ser expressos em palavras são frequentemente orações que não podem ser recusadas.”
Deus não só sabe das nossas tristezas e amarguras, como também pode ouvi-las e transformá-las em alegria, como diz o salmista:
“A ti, Senhor, clamei, E ao Senhor supliquei... Ouve, Senhor e compadece-te de mim: Sê tu, Senhor, o meu ajudador.”
E o mesmo salmista descreve a ação de Deus para com ele:
“Converteste o meu pranto em regozijo, Tiraste o meu cilício e cingiste-me de alegria, a fim de que a minha glória cante louvores a ti, e não se cale. Senhor, Deus meu, dar-te-ei graças para sempre.” Salmos 30:8-12
As lutas podem ser grandes, quase insuportáveis, mas não se comparam às maravilhas que Deus há de fazer àqueles que lhe clamarem ainda que por sussurro. 


Miquéias de Castro

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